Quando Mulheres se Apoiam, Ampliam Seu Poder no Trabalho

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Ao construir redes de apoio, mulheres têm mais chances de denunciar a discriminação de gênero no ambiente profissional

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Dois novos estudos – um sobre bonobos, a espécie de chimpanzé mais próxima dos humanos, e outro sobre mulheres profissionais – reforçam que alianças femininas podem mudar o jogo.

Na natureza, pesquisadores observaram que fêmeas bonobos formam coalizões para conter a agressividade dos machos e manter o poder social. Já no ambiente profissional, mulheres estão fazendo algo muito parecido ao construir redes de apoio. Embora abordem contextos distintos, ambos os estudos trazem a mesma lição: quando mulheres se apoiam, ampliam seu poder.

Mulheres se beneficiam de redes de apoio feminino no trabalho

No mercado de trabalho, as mulheres não enfrentam os mesmos desafios dos bonobos na selva, mas os laços sociais fortes continuam sendo uma estratégia eficaz. Um estudo realizado nos Estados Unidos mostra que ao construir redes de apoio, as mulheres têm mais chances de denunciar a discriminação de gênero no ambiente profissional.

Publicado na revista acadêmica Gender & Society, o estudo se baseia em 31 entrevistas aprofundadas com mulheres profissionais nos EUA, de diferentes idades, raças e setores. As participantes foram convidadas a relatar situações de discriminação no trabalho e como reagiram a elas. Após análise detalhada das entrevistas, os pesquisadores identificaram as redes de apoio como um fator-chave na decisão de falar ou permanecer em silêncio.

Redes de apoio oferecem validação

Quando enfrentam situações sutis ou ambíguas no ambiente de trabalho, muitas vezes é difícil para as mulheres identificarem se estão sendo discriminadas. É aí que as redes de apoio entram: elas oferecem validação e ajudam a enxergar essas situações com mais clareza.

Por exemplo, Kayla, 24 anos, uma das participantes do estudo, atuava na área administrativa de saúde e inicialmente teve dificuldade para entender se o isolamento que sofria no trabalho era resultado de seu desempenho ou discriminação.

Confiança e senso de propósito

Ela sentia que era ignorada em comparação a um colega homem. Ao conversar com duas colegas mulheres e uma supervisora, descobriu que elas também haviam passado por situações semelhantes. Isso a ajudou a identificar que não era algo pessoal, mas sim parte de um padrão maior de tratamento desigual. Esse entendimento, proporcionado pela rede de apoio, deu a ela confiança para se posicionar em vez de se calar.

As redes de apoio também ajudam a revelar padrões estruturais de discriminação no ambiente de trabalho. Harper, outra participante, que trabalhava na produção de televisão, contou como uma conversa entre seis colegas mulheres durante uma reunião trouxe à tona um comportamento recorrente: seus chefes homens frequentemente se apropriavam das ideias delas. Ao perceberem que todas passavam pela mesma situação, sentiram uma forte conexão e um senso de propósito coletivo. A partir dali, começaram a se unir para garantir que seus créditos fossem devidamente reconhecidos.

A maioria dessas redes de apoio era construída de maneira informal, por meio de conversas espontâneas e relações pessoais entre mulheres no trabalho. Esses vínculos surgiam naturalmente no dia a dia e não precisavam se estender para fora do ambiente profissional para serem significativos.

E o que acontece com as mulheres que não têm acesso a esse tipo de rede? Segundo os pesquisadores: “Mulheres que enfrentam discriminação sem o suporte de uma rede de apoio tendem a permanecer em silêncio ou deixam suas empresas em busca de ambientes mais inclusivos.”

Bonobos fêmeas conquistam poder por meio de alianças

Os bonobos machos são visivelmente maiores que as fêmeas, mas são elas que costumam ditar as regras, decidindo quando acasalar e quem se alimenta primeiro. Pesquisadores acreditam ter descoberto por que as fêmeas, mesmo sendo menores, conseguem manter o poder sobre os machos: elas formam alianças fortes que controlam comportamentos agressivos.

O estudo analisou 30 anos de dados comportamentais de seis comunidades de bonobos nas florestas tropicais da República Democrática do Congo, país na África Central. Os resultados foram publicados na revista científica Communications Biology. No total, foram observados 1.786 conflitos entre machos e fêmeas – e elas venceram 61% das vezes.

A propensão das fêmeas a formar coalizões contra os machos variava bastante, tanto entre os diferentes grupos quanto ao longo do tempo. Nos anos e comunidades em que as alianças femininas eram mais frequentes, as fêmeas tinham maior probabilidade de vencer disputas e ocupar posições sociais mais altas. “ Isso indica que a formação de coalizões é uma ferramenta comportamental usada pelas fêmeas para obter poder sobre os machos”, resumem os pesquisadores.

Seja na floresta ou no escritório, quando as mulheres se unem, elas se fortalecem – enfrentam abusos de poder, desafiam desigualdades e conquistam mais espaços.

*Kim Elsesser é colaboradora sênior da Forbes USA. Ela é especialista em vieses inconscientes de gênero e professora de gênero na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles).





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